Especialistas apresentaram técnicas cirúrgicas para região íntima e tratamentos de sequelas do PMMA durante primeiro evento científico de 2025
A primeira Jornada Científica da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica - Regional Goiás (SBCP-GO) abordou a cirurgia íntima e a retirada de PMMA.O evento foi realizado no dia 12 de abril, no auditório do Castro 's Park Hotel, em Goiânia, e reuniu cirurgiões plásticos e residentes da especialidade.
Os temas foram escolhidos por serem pouco abordados durante a formação dos cirurgiões, como relatou o presidente da SBCP-GO, Fabiano Calixto Fortes de Arruda. “Na cirurgia íntima, existe a necessidade de maior capacitação para que os pacientes possam de fato ter um acesso mais adequado aos profissionais que realizam os procedimentos”.
Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer o conceito de “intimakeover”, criado pela cirurgiã Renata Campos Magalhães. O objetivo do termo é mostrar que os procedimentos íntimos podem ser personalizados de acordo com as necessidades de cada paciente.
“A cirurgia íntima não é menor do que uma mama ou abdômen. Devemos nos lembrar que é importante deixar nossas pacientes mais satisfeitas com suas regiões íntimas, com as técnicas certas”, afirmou.
Ela alertou sobre erros comuns que devem ser evitados, como tirar pele em excesso, não avaliar a região genital como um todo e não se preocupar com os princípios de qualquer cirurgia plástica, como naturalidade e simetria.
Além dos aspectos técnicos, Renata deu dicas de como tornar a cirurgia íntima um tratamento “high ticket”, ou seja, que remunera bem o especialista. Para isso, é preciso transmitir confiança à paciente, incluindo acolher a dor da pessoa e aumentar o desejo.
“Não queremos forçar uma venda. O objetivo é fazer com que a paciente se sinta no controle e confiante para ser operada, sem querer procurar outros profissionais”, resumiu.
O cirurgião Luiz Gustavo Manhães, que assistiu ao evento, lembrou que a busca por uma cirurgia íntima nem sempre é direta e objetiva, pois algumas pacientes relatam o desejo do procedimento quando estão em consulta para realizar outra operação.
Ele, que tem visto uma maior demanda por ninfoplastia em seu consultório, também acredita que cirurgias consideradas “menores” e mais rápidas precisam entrar no foco. “São cirurgias que outros médicos acabam fazendo. Já vemos ginecologistas que só atuam com laser e rejuvenescimento íntimo, por exemplo. Então, temos que dar atenção às cirurgias de pálpebras, otoplastia e outras que, como a Dra. Renata falou, geram um bom retorno financeiro, em relação ao tempo que demoram”.
Retirada de PMMA
A Jornada da SBCP-GO também abordou os desafios da retirada do PMMA, com palestra do cirurgião plástico colombiano Carlos Rios, que atua com a eliminação de biopolímeros.
Ele mostrou como é necessário eliminar todo o tecido comprometido. No entanto, as cânulas de lipoaspiração, alguns tipos de ultrassom e lasers não são capazes de retirar os grânulos gerados pelo produto. Assim, a eliminação das partes afetadas costuma ser feita por cirurgias invasivas.
“Estamos mexendo com um ‘monstro’, com complicações terríveis, mas temos que perder o medo de atender essas pacientes”, alertou.
Apesar de todos os riscos já conhecidos, pessoas ainda perguntam sobre o uso do PMMA, como contou o cirurgião plástico e participante da Jornada, André de Sousa Amadeu. O mesmo foi relatado por Nelson de Paula Piccolo.
“Muita gente ainda está fazendo PMMA, não só no rosto, mas também nas coxas e no bumbum. Algumas demoram apenas semanas para apresentar as sequelas, mas outras só irão apresentar depois de anos”, destacou.
Marketing e comunicação
No período vespertino da Jornada, os participantes aprenderam sobre gestão comercial, marketing, vendas e comunicação.
Humberto Dias, gestor de Marketing da Ratel Infoprodutos, destacou que apenas reunir leads para contatos no Instagram não funciona. É preciso trabalhar o relacionamento. “Só depois de construir uma autoridade é que devemos chamar para agendar a consulta”.
Uma boa comunicação também não pode faltar, como mostrou a fonoaudióloga Patrícia Zach. A chave, segundo ela, é envolver o paciente, mas também ser assertivo. Isso significa ter uma fala intencional e coerente com o que o público-alvo busca.
“Quando temos uma comunicação assertiva, logo sabemos como nos posicionar, criar expectativas a respeito do nosso trabalho e proporcionar uma boa experiência. Lembrem-se que vocês trabalham com sonhos e a paciente quer um médico que a escute e fale de forma clara”, descreveu.
Microcirurgia
Para finalizar o evento, o cirurgião Carlos Gustavo Lemos ministrou uma palestra sobre como indicar e aplicar a microcirurgia. Ele lembrou que a técnica é pouco abordada na formação dos médicos, mas é um recurso útil para casos que podem aparecer nos consultórios, como lesões faciais.
“A microcirurgia promove táticas mais delicadas à anatomia, incluindo a produção de retalhos de pele”, esclareceu ele, que apresentou casos clínicos reais, como de reconstrução mamária microcirúrgica.
Para o presidente da SBCP-GO, temas como esse e os demais abordados durante o dia devem fazer mais parte da rotina dos cirurgiões plásticos, uma vez que nem sempre são ensinados nas Residências Médicas. “Na Sociedade, estamos focando assuntos que possuem maior deficiência em desenvolvimento técnico, para ajudar os especialistas a ficarem mais atualizados”, comentou Fabiano Arruda.