Foto: Divulgação/CNI/José Paulo Lacerda |
Nem só de Bolsa Família e outros programas sociais foram feitos os resultados positivos de 2023 apontados pelo IBGE. Tendência para 2024 se mantém
Os números positivos divulgados pela Pnad Contínua do IBGE nesta sexta (19) tiveram forte impulso do crescimento do emprego e da renda do trabalho. Os valores resultantes do trabalho tiveram aumento real per capita de 7,2% em 2023. A média salarial, já descontada a inflação, foi de R$ 2.979 no ano passado, maior que os R$ 2.780 registrados em 2022. A média considera todos os ocupantes dos domicílios brasileiros que têm a partir de 14 anos e trabalham.
O fortalecimento da renda do trabalho resultou, em 2023, em uma massa mensal de rendimento de R$ 295,6 bilhões, o maior valor da série histórica da Pnad Contínua. Esse valor representa um crescimento de 11,7% em relação a 2022 (R$ 264,6 bilhões) e de 8,8% ante 2019 (R$ 271,7 bilhões).
Mais empregos e melhores salários
Além do salário mínimo, que em 2023 teve aumento real de 1,41%, atingindo R$ 1.302, os demais vencimentos do trabalho estão crescendo. Ao longo do ano passado, 77% das negociações coletivas conquistaram, em média, reajustes salariais de 1,12% acima do INPC, segundo o Dieese.
Em 2024, a tendência de valorização salarial se ampliou. Ainda segundo o Dieese, em março deste ano 85% das negociações coletivas obtiveram, em média, aumentos reais de 85,7%, ainda não captados pela mais recente pesquisa do IBGE.
Cresceu também o número de pessoas com trabalho em 2023. De acordo com a Pnad Contínua, a proporção da população com rendimento habitualmente recebido do trabalho passou de 44,5%, ou 95,2 milhões de pessoas nos domicílios, em 2022, para 46,0%, ou 99,2 milhões, em 2023. No ano passado, o desemprego chegou ao nível mais baixo em quase dez anos, com 7,5% no trimestre encerrado em novembro, a menor taxa da série histórica de pesquisa, divulgada pelo IBGE em janeiro.
Para 2024, a tendência de aumento do número de empregos deve se manter, segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), cuja pesquisa Sondagem Industrial, divulgada no último mês de março, mostra o índice de evolução no emprego em 50,4 pontos, dois acima da média para este período do ano. A pesquisa mede a expectativa do setor.
“O aumento considerável da massa de rendimento do trabalho em 2023, comparando com o ano anterior, se deve tanto à expansão da população ocupada quanto à elevação do rendimento médio do trabalho. Em 2023, em relação a 2022, tinha 4 milhões a mais de pessoas ocupadas com rendimento do trabalho. Com essa expansão, a massa de rendimentos do trabalho também superou o valor de 2019, até então o ano com o maior valor da série da Pnad Contínua”, explica Gustavo Geaquinto, analista do IBGE.
Portanto, embora a ampliação dos valores e do alcance de programas sociais como o Bolsa Família, que saltou de 16,9% dos domicílios em 2022 para 19,0% em 2023, tenham respondido por boa parte do aumento da renda média dos domicílios brasileiros no ano passado, não são o único fator.
Associados ao trabalho, as aposentadorias e pensões pagas pelo INSS também ajudaram a elevar o rendimento dos domicílios brasileiros, ao registrarem média mensal 6,6% superior à de 2022 – R$ 2.408, contra R$ 2.258. Outro efeito da elevação do salário mínimo, âncora de mais de 70% desses benefícios.