A
pandemia de Covid-19 mudou o comportamento do consumidor e trouxe novas
necessidades, inclusive na área de saúde. Se antes o cuidado era sinônimo de ir
aos consultórios e hospitais, agora a sociedade vive uma realidade de
atendimentos presenciais mais seletivos. Os fatores para essa mudança incluem
desde o medo da exposição ao vírus à lotação dos hospitais, sobrecarregados com
o atendimento aos pacientes infectados pelo novo coronavírus e,
consequentemente, reduzindo consultas que não são urgentes.
Essa
mudança no comportamento dos consumidores não significa, contudo, que os
investimentos em saúde diminuíram. Pelo contrário. Em 2019, no último
levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), referente ao ano de 2017, constatou-se que o investimento em saúde no
país chegava a R$ 608,3 bilhões, representando 9,2% do Produto Interno Bruto
(PIB), segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE). Agora, em 2021, a estimativa é de que esses gastos estejam em torno R$
770 bilhões, equivalente a 10% do PIB. Desse total de investimentos, 41% são
feitos pelo governo e 59% pelas famílias.
Enquanto
os números seguem crescendo, os tipos de serviço preferidos pelos usuários
mudaram. Cirurgias eletivas diminuíram, enquanto a atenção domiciliar vem
ganhando força. Trata-se de uma tendência de cuidar da própria saúde dentro de
casa. Desde o começo da pandemia, em 2020, o setor de home care registrou crescimento de 35%, de acordo com estudo divulgado pelo Núcleo
Nacional de Empresas de Serviços de Atenção Domiciliar (Nead) 2019/2020.
Espera-se que o crescimento continue em 2021.
O
aumento já é sentido nesse segmento do mercado. As empresas de home care no Brasil somam uma receita
anual estimada em R$ 10,6 bilhões, indicam dados da Fundação Instituto de
Pesquisas Econômicas (Fipe) e do Nead. Da receita total, 57,5% se referem a
internações domiciliares (que custam, em média, 35% menos do que as
hospitalares).
Por
isso, oferecer atendimento técnico a pacientes que já vêm sendo atendidos por
hospitais e agora se encontram em uma segunda fase de tratamento significa dar
continuidade ao atendimento hospitalar dentro de casa, com acompanhamento e
autorização de médicos especializados, garantindo o cuidado apropriado para cada
caso.
A
humanização do atendimento é um aspecto cada vez mais almejado pelos usuários,
que valorizam um contato mais estreito entre os profissionais de saúde,
pacientes e familiares, prezando pelo bem-estar e qualidade de vida. Esse
aspecto é especialmente importante para o brasileiro: no país, 63% das pessoas procuram por um atendimento mais humanizado,
contra 44% na Espanha e 34% na Itália, por exemplo.
A
realidade trazida pela pandemia de SARS-CoV-2 explicitou aquilo que é mais
importante para o consumidor, que tende a evitar riscos de exposição sem abrir
mão dos cuidados com a saúde. Os usuários estão tomando as rédeas da própria
saúde e buscando alternativas que melhor se adaptam às suas necessidades.
Então,
neste cenário o home care se torna um
serviço que se adapta perfeitamente à nova demanda. Enquanto descentraliza o
atendimento (diminuindo
as lotações dos hospitais), leva suporte seguro e profissional aos pacientes,
com o conforto de estar em um local aconchegante e familiar: o seu próprio lar.
Além disso, durante o atendimento os profissionais podem voltar toda a atenção
para um único paciente, respeitando sua individualidade e tornando a assistência
muito mais personalizada e humana.
*Emerson
Lunardelli, CEO da Lar e Saúde.