80% do funcionalismo federal ameaça entrar em greve no início do ano
Grupo, conhecido como "Carreirão", está sem reajuste salarial desde 2017 e avalia entrar em greve, o que pode parar a máquina pública
Foto: Arquivo: TRIBUNA DO BRASIL | Jornalista Anderson Miranda
Servidores do chamado "carreirão" — que formam a base do funcionalismo federal — avaliam se unir à elite das carreiras públicas e deflagrar uma grande paralisação neste início de 2022. Uma reunião emergencial foi realizada com o objetivo de debater as ações a serem adotadas para pressionar por reajuste salarial. Caso as categorias resolvam cruzar os braços, a máquina pública entrará em blecaute.
O carreirão engloba cerca de 80% dos funcionários federais. Além de receberem os menores salários entre os servidores da União, eles estão sem reajuste desde 2017. De lá para cá, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 27,2%. Com a inflação sem precedentes desde antes do Plano Real, o poder de compra das categorias vem sendo engolido.
A mobilização do funcionalismo é uma contrapartida à decisão do governo de reservar R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2022 para reajuste salarial de servidores da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Departamento Penitenciário Nacional.
Sérgio Ronaldo da Silva — secretário-geral da Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa o carreirão — afirmou que, na primeira semana de janeiro, haverá uma assembleia. A intenção é iniciar uma mobilização no dia 14.
(foto: Luis Nova/Esp. CB/D.A Press)
"A ação que estamos tentando desenvolver é transformar isso em uma mobilização geral, como fizemos com a PEC 32", disse Silva, em relação à proposta de emenda à Constituição da reforma administrativa, que está parada no Congresso. "Com relação à LOA (Lei Orçamentária Anual), vamos tentar fazer um movimento no mês de janeiro. Tentaremos envolver todo o conjunto de funcionalismo. Não é possível que 97% do funcionalismo seja jogado ao relento e acharem isso normal. A possibilidade de a gente extrair alguma coisa para 2022 é um processo de mobilização", ressaltou.
Ele acusou o ministro da Economia, Paulo Guedes, de culpar os servidores por fracassos da sua gestão. "Desde janeiro de 2019, a gente tenta negociar com o governo, mas só recebe silêncio e hostilidade. Paulo Guedes usa adjetivos pejorativos contra nós. O servidor não é inimigo do Estado ou do povo, mas, sim, a solução para o país", frisou.
Elite
Na quarta-feira, a elite do funcionalismo já tinha marcado posição. O Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) anunciou um calendário de paralisações em janeiro e uma eventual greve geral em fevereiro. "Se o governo não oferecer resposta até dia 14 de janeiro, nós teremos, na semana subsequente, dois dias de paralisação. Isso pode caminhar para uma greve, que será discutida a partir da primeira semana de fevereiro. O calendário está todo definido", ressaltou o presidente da entidade, Rudinei Marques.
De acordo com ele, há conversas com outras carreiras e, possivelmente, ocorrerá convergência ao calendário de mobilização. "Cinco das entidades que compõem o fórum também integram o Fonasefe (Fórum Nacional das Entidades dos Servidores Públicos Federais), e é permanente o diálogo", destacou. "É possível que haja convergência de força nesse calendário de mobilização, mas, a princípio, cada categoria está fazendo sua parte separada, para depois tentarmos unir em um grande movimento."
FONTE: CORREIO BRAZILIENSE | EDIÇÃO: REDAÇÃO GRUPO M4
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