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DF trata 21 tipos de câncer na rede pública

Em três anos, mais de 197 mil consultas e quase 6 mil cirurgias foram realizadas nos quatro hospitais de referência de Brasília



“Pois diga a eles que o Francisco está ótimo, graças a Deus e àquela equipe de anjos”. O recado que Maria das Graças Nunes, 72 anos, mandou pela reportagem foi direcionado ao corpo médico da ala de oncologia do Hospital de Base. Foi lá que o marido dela, Francisco Bento do Rego, iniciou um tratamento gratuito de câncer de próstata, em 2015; hoje, aos 82 anos, segue, sadio e recuperado, uma rotina de trabalho e mais cuidado com a saúde.

O paciente mantém acompanhamento semestral no tratamento que se soma às mais de 197 mil consultas realizadas pelo Governo do Distrito Federal (GDF), nos últimos três anos, por meio da Secretaria de Saúde (SES). Na rede pública de saúde do DF, são tratados 21 tipos de tumores sólidos em quatro hospitais referências: o de Base, o Regional de Taguatinga (HRT) e o Universitário de Brasília (HUB). Casos infantis são encaminhados e cuidados no Hospital da Criança.

De janeiro de 2019 a dezembro de 2021, 6.512 pessoas demandaram novos atendimentos oncológicos na rede pública de saúde. Nesta sexta-feira (4), é celebrado o Dia Mundial do Câncer, data apoiada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e reconhecida como uma oportunidade para disseminar informações sobre prevenção e controle da doença – considerada o principal problema de saúde no mundo.Francisco Bento fez tratamento no Hospital de Base: “Nunca me faltou nada, tudo prontamente foi resolvido; é um atendimento de excelência” | Fotod: Paulo H. Carvalho.

Os tratamentos formam um tripé: a cirurgia, para casos mais simples em que o tumor é retirado; a radioterapia, que é complementar ou definitiva, e a quimioterapia, tida como adjuvante complementar ao principal ou paliativo no controle da doença. A imunoterapia e a hormonioterapia dão suporte a essa tríade.

O encaminhamento aos centros de alta complexidade se dá, geralmente, pelas unidades de pronto atendimento (UPAs) ou unidades básicas de saúde (UBSs). Tudo começa com o resultado de uma biópsia, e quanto mais cedo se descobre o tumor, maiores e mais rápidas são as chances de cura.

“De forma geral, pode-se estimular o diagnóstico precoce com exame periódico da mama, ou com o papanicolau, no caso das mulheres”, explica o oncologista Gustavo Ribas, chefe da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer da SES. “Para os homens, o PSA e o exame da próstata são fundamentais, e para ambos [homens e mulheres], a observação de melanoma, com manchas e lesões de pele, ajuda a detectar a doença mais cedo.”

Atendimento de excelência

Foi no décimo andar do Hospital de Base que o encarregado de manutenção predial Rafael Pugliezzi, 38 anos, tratou de um câncer nos testículos. A doença foi descoberta em 2019 no grau 4 – o 5 é o mais avançado. Entre o encaminhamento recebido no Hospital de Santa Maria (HSM), as internações, as sessões de hemodiálise e três cirurgias, foram meses de tratamento e sofrimento. Mas a recuperação veio.

“Deus abriu as portas e o tratamento foi inacreditável, com médicos excelentes, como o dr. Gustavo”, conta ele, que foi paciente do atual chefe da Assessoria de Política de Prevenção e Controle do Câncer. “Esse cara foi um enviado por Deus para salvar a minha vida. Sem ele, eu não estaria mais aqui.”

A gratidão pelo tratamento vem de outros pacientes, como Francisco Bento do Rego. Com nível de PSA em 607 – o indício inicial é o 4 –, ele descobriu a doença literalmente por acidente, depois de sofrer uma queda e ser hospitalizado. Como ele não fazia exames periódicos, não houve tratamento precoce. “Nunca me faltou nada, e, quando atrasou a medicação, ligamos no 162 [Ouvidoria] e tudo prontamente foi resolvido; é um atendimento de excelência”, diz, em tom sereno e com a garantia de quem agora cuida da saúde e vai ao médico regularmente.

Hospital Oncológico de Brasília
O Distrito Federal se prepara para centralizar e aperfeiçoar o tratamento de pacientes com câncer. Encontra-se em construção, desde 2021, o Hospital Oncológico de Brasília, o primeiro da capital com capacidade de até 9 mil atendimentos por ano. Erguido em um terreno de 41 mil m2, dos quais 31 mil m2 de área construída, a unidade hospitalar será a maior da região Centro-Oeste, com 172 leitos disponíveis. Desses, 152 serão de internação e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

O novo hospital contará ainda com consultórios multidisciplinares, alas para tratamento de quimioterapia, radioterapia, medicina nuclear, endoscopia e salas de cirurgia conjugadas, além de exames de imagem como mamografia, ultrassom e raios-X.

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