O Projeto de Lei apresentado pelo vereador e presidente da Câmara de Valparaíso de Goiás, Placido Cunha, que trata sobre a política de prevenção e combate às amputações em pacientes diabéticos, agora é Lei municipal e tem por objetivo instituir o direito ao portador de diabetes de ter os pés examinados em toda consulta médica, independente da especialidade, com encaminhamento a um podólogo devidamente registrado no Conselho Regional de Biomedicina, no caso de pés em risco, inclusive, de crianças
A Lei número 1.593 de 2022, prevê ações de divulgação para disseminar a prevenção e detecção contínua de lesões em fase inicial nos pés de pacientes diabéticos que possam levar ao risco de infecções e amputações, reduzindo os males à saúde do paciente diabéticos.
O diabetes é um dos problemas de saúde mais graves da atualidade, por ser uma doença com elevada morbidade e mortalidade. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 70% das amputações realizadas no Brasil são decorrentes do diabetes e 85% por conta de feridas nos membros inferiores, o que representa em torno de 55 mil amputações por ano. “Infelizmente, uma grave constatação”, pontuou Placido.
Em 2020 o Ministério da Saúde registrou a marca de 43 amputações de membros inferiores por dia, decorrentes de complicações da diabetes. Esses dados se referem à soma de 10.546 amputações feitas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) entre janeiro e agosto de 2020.
A Sociedade Brasileira de Diabetes alerta que o diabetes causa perda da sensibilidade, e os ferimentos podem evoluir para o chamado pé diabético, chegando aos casos graves de gangrena que necessitam de amputação. Por isso o paciente diabético precisa ficar atento a qualquer sinal nos pés, como frieiras, bolhas, ferimentos e calos. Os cuidados envolvem secar os pés com cuidado após o banho, manter a pele hidratada, utilizar meias de algodão e sapatos fechados.
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Sintomas, prevenção e tratamento
Segundo o Ministério da Saúde, o diabetes é uma doença causada pela produção insuficiente ou má absorção de insulina, hormônio que regula a glicose no sangue e garante energia para o organismo. Com isso, podem ocorrer altas taxas de glicose no sangue que levam a complicações cardíacas, nas artérias, olhos, rins e nervos, podendo inclusive ser fatal.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o Brasil soma atualmente mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença.
Os principais sintomas são fome e sede excessiva e vontade de urinar várias vezes ao dia. No diabetes tipo 1, pode ocorrer também perda de peso, fraqueza, fadiga, mudanças de humor, náusea e vômito. No tipo 2, são sintomas também formigamento nos pés e mãos, infecções na bexiga, rins, pele e infecções de pele, feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
A prevenção é feita com a prática de hábitos saudáveis, como comer diariamente verduras, legumes e frutas; reduzir o consumo de sal, açúcar e gorduras; parar de fumar; praticar exercícios físicos regularmente; e manter o peso controlado.
Os fatores de risco para a doença envolvem questões genéticas e também pressão alta, colesterol alto, alterações na taxa de triglicérides, sobrepeso, doenças renais crônicas, mulher que deu à luz criança com mais de 4kg, diabetes gestacional, síndrome de ovários policísticos, distúrbios psiquiátricos como esquizofrenia, depressão, transtorno bipolar, apneia do sono e uso de medicamentos da classe dos glicocorticoides.
O tratamento para o diabetes do tipo 1 é feito com injeções diárias de insulina e pode ser recomendada medicação oral. Para o tipo 2, o tratamento dependerá do grau da doença e pode envolver remédios para impedir a digestão e absorção de carboidratos ou que estimulam a produção de insulina. O tratamento e acompanhamento do diabetes é oferecido gratuitamente pela atenção básica do SUS.
Diabetes e covid-19
O diabetes também é um dos principais fatores de risco para o agravamento da covid-19. Por isso, o projeto internacional CoviDiab Registry, uma iniciativa da King’s College London, da Inglaterra, e da Monash University, da Austrália, está reunindo dados globais sobre diabetes e covid-19. Segundo os pesquisadores, há indícios de que o novo coronavírus também possa causar diabetes em quem não tinha.
O que os cientistas ainda não sabem é se o diabetes causado pelo Sars-Cov-2 persiste após a cura da infecção, ou se pode se tornar mais um fator de risco para pacientes com tendência à doença.
Estudo feito no início da pandemia no Brasil mostrou que os pacientes de diabetes negligenciaram os cuidados por causa do isolamento e das medidas restritivas. A pesquisa ouviu 1.701 pacientes entre os dias 22 de abril e 4 de maio de 2020 e os resultados foram publicados em agosto no periódico científico Diabetes Research and Clinical Practice.
Do total, 95,1% dos entrevistados reduziram a frequência de saídas da residência e 91,5% passaram a monitorar a glicose no sangue em casa. Foi relatado aumento, diminuição ou maior variabilidade nos níveis de glicose por 59,4% dos participantes, 38,4% deles adiaram consultas médicas e exames de rotina e 59,5% diminuíram a atividade física.
Participaram do levantamento pesquisadores e médicos de diversas instituições, entre elas a International Diabetes Federation, ADJ Diabetes Brasil, Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), Universidade de São Paulo (USP), Pan African Women in Health (PAWH), Secretaria de Saúde do Distrito Federal, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Hospital do Rim e Hipertensão de São Paulo.