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Está de volta a tradicional Festa do Divino Espírito Santo de Luziânia

A Festa do Divino, como é popularmente conhecida, é originária de Portugal no séc. XIV. O festejo se espalhou por diversas colônias portuguesas, inclusive o Brasil. E em Luziânia, por exemplo, é comum as pessoas se mobilizarem nesta época do ano para confeccionarem as famosas bandeiras e prepararem os altares em vários comércios e órgãos públicos para receberem o estandarte da festa.  O evento de Luziânia é bicentenário e atrai centenas de pessoas durante os nove dias de comemoração


O município de Luziânia tem um povo de cultura muito forte ornamentada com várias tradições. A festa do Divino Espírito Santo, por exemplo, é uma delas. A festividade acontece 50 dias após a páscoa e tem o objetivo de reavivar a fé pelo Espírito Santo no coração dos luzianienses. Novenas, missas, leilões e barracas com comidas típicas abrilhantaram a festa (não aconteceu barracas em 2020 e 2021 em função da pandemia) . Durante 10 dias de demonstração de fé, os festeiros também arrecadam benefícios para as paróquias, tudo muito bem organizado pelos padres católicos. Os festeiros são sorteados a cada ano para comandar a organização em louvor ao Espírito Santo. O ponto alto é a folia de rua, feriado municipal, que voltará a acontecer em 2022.

História
O culto do Espírito Santo, de acordo com o historiador português Moisés do Espírito Santo, tem origem na antiguidade. Entre os israelitas, a Festa de Pentecostes era celebrada cinqüenta dias (sete semanas) depois da Páscoa, sendo uma das quatro festas importantes do calendário judaico: Páscoa, Omar, Pentecostes e Colheitas.Ela era conhecida, ainda, com nomes diferentes: das Ceifas, das Semanas, do Dom da Lei, e outros, tendo sido, primitivamente, uma festa agrária dos cananeus.

Entre os hebreus, o termo shabuoth faz referência à festa que começa cinqüenta dias depois da Páscoa e marca o fim da colheita do trigo. "A Festa do Divino é um eco das remotas festividades das colheitas". Já o culto ao Espírito Santo, sob a forma de festividade, no sentido que iria adquirir mais tarde, se cristaliza no início da Baixa Idade Média, na Itália, com um contemporâneo de São Francisco de Assis, o abade Joachim de Fiori (morto em 1202), que ensinava que a última fase da história seria a do Espírito Santo. Suas idéias chegaram a Alemanha e espalharam-se pela Europa. Em Portugal, no séc. XIV, a festa do Divino já se encontrava incorporada à Igreja, como festividade religiosa. A responsável por essa institucionalização da festa em solo português foi a rainha D. Isabel, esposa do Rei D. Diniz (1.279 – 1.325), canonizada como Santa Isabel de Portugal, que mandou construir a Igreja do Espírito Santo, em Alenquer. Em solo português, ela seria fortemente marcada por influências de tradições judaicas, muitas das quais chegaram até nós.

Com o início da colonização, ela foi introduzida no Brasil, provavelmente desde o século XVII. A figura do Imperador do Divino – criança ou adulto – era o escolhido para presidir a festa. Aqui ela sempre foi uma festa de caráter popular, não figurando entre as quatro festas oficiais celebradas por ordem da Coroa, no período colonial. Mas seu prestígio no início do século XIX era tanto, que em 1822, segundo Luís da Câmara Cascudo, o ministro José Bonifácio escolheu para Pedro I o título de Imperador, em vez de Rei, porque era muito grande a popularidade do Imperador do Divino. Em certas cidades ou vilas do interior, o Imperador do Divino, com sua corte solene, dava audiência no Império, com as reverências privativas de um soberano.

A comemoração tem uma cultura muito forte nos estados de Goiás, Mato Grosso, Maranhão, Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul. Apesar do passar do tempo a festa ainda mantém sua originalidade. Na maioria das cidades onde ocorre o festejo, ela virou patrimônio cultural.  

Luziânia
A tradicional Festa do Divino Espírito Santo, uma festa que mistura cultos e festejos, nos quais predomina a devoção religiosa, foi introduzida na região pelos bandeirantes e mineradores há mais de dois séculos. Ela acontece até hoje, cinquenta dias após a Páscoa, mantendo viva a tradição que faz parte da cultura e das manifestações religiosas do nosso município.

Dentre as manifestações religiosas da Festa do Divino, a Folia do Divino é marcadamente uma das mais profundas e ricas. Promovida por devotos e leigos religiosos, esta parte da festa movimenta centenas de pessoas. Folia de Rua, conta com a comissão religiosa que, em procissão, percorre diversas casas na folia urbana e fazendas na folia rural, oferecendo bênçãos, recolhendo esmolas e convocando o povo para a festa. Também tem a novena do Divino Espírito Santo, com missas, coral, queima de fogos, e repique de sinos.

O símbolo da Festa é a mandala de fogo com a pomba branca ao centro. A pomba significa o próprio Divino Espírito Santo e a mandala de fogo o momento em que o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos, a Pentecostes. As cores da festa são o vermelho e branco, o vermelho representa o sangue de Jesus, o Espírito Santo, as labaredas de fogo. O branco representa a paz, o Altíssimo e a pomba que pousou sobre Jesus.

A origem remonta às celebrações religiosas realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes coletivos designados de Bodo aos Pobres com distribuição de comida e esmolas.Outra característica da festa é a presença do Imperador, que retrata, com toda sua simbologia, o Rei, a Rainha e a Côrte portuguesa. A cada ano, para cada festa, um novo Imperador é eleito por sorteio. Segundo a tradição, qualquer cidadão, sendo de qualquer idade ou classe social pode se candidatar a Imperador. A ele cabe a responsabilidade de promover e cuidar para que tudo se realize com ordem, incentivando, angariando fundos e mobilizando a população nos afazeres da festa.
 
A tradicional festa em louvor ao Divino Espírito Santo de Luziânia surgiu em 1753. O festejo, depois da semana santa, é a principal festa da cidade de Luziânia-Goiás. O evento é símbolo cultural e religioso da cidade.  A festa, em 2021, completa 268 anos de existência. A novena do Divino Espírito Santo dura nove dias, e acontece cinquenta dias depois da páscoa.

Após as celebrações das missas, tem o momento de confraternização da comunidade quando acontecem leilões de prendas, brinquedos para as crianças e venda de comidas típicas, como o tradicional pão de queijo frito. Segundo a organizadora Corina Maria de Lurdes, a festa reúne centenas de pessoas durante os nove dias de celebração. Em 2020 e 2021 a festa foi organizada no formato drive-thru, em função das medidas sanitárias para frear a disseminação da Covid-19.

Corina Maria de Lurdes está à frente da festa desde 1959. Segundo ela, a celebração é muito importante para a cidade, e se tornou um patrimônio cultural de Luziânia. Corina afirma que não é fácil manter a tradição. "Quando comecei era muito difícil. Eu trabalhava quase só, hoje em dia as coisas melhoraram. Tem bastante voluntários nos ajudando a manter a festa", diz a organizadora.

O maior significado da festa, além do grande valor cultural, é receber o Divino Espírito Santo e suas bênçãos, assim como os apóstolos de Cristo o receberam na festa de Pentecostes, distribuindo esmolas e alimentos.

Além das apresentações culturais com a presença da banda de fanfarra, leilões e cultos religiosos, a festa traz alguns pratos típicos que tornam a festividade ainda mais marcante. Dentre esses pratos podemos citar: caldos; pão de queijo frito; pastéis; canjicas de milho; curau e quentão.  

Tradição
A festa é marcada pelo costume familiar. Ela perpetua de geração para geração. As famílias tradicionais da cidade seguem os passos dos seus antepassados, não deixando a cultura da cidade acabar. Exemplo disso são os irmãos Marcos de Araújo Melo, empresário, 55 anos, e Márcia dos Reis Melo Roriz, 59, auxiliar de contabilidade. Ambos são herdeiros dos costumes do seu avô Benedito de Araújo Melo, e do pai Vasco do Rosário Araújo Melo. De acordo com eles, seu pai sempre participou da festa e que isso vem antes do seu bisavô. Eles falaram que no começo iam apenas para brincar, mas que com o passar do tempo foram tomando gosto pela festa.

Em 1999 o empresário começou a trabalhar na novena. Ele foi convidado para tomar conta do bingo. Até hoje Marcos trabalha em prol da comemoração. Para o devoto é um prazer seguir os passos de seu pai. "Aprendi tudo com meu pai. Nós temos uma devoção muito grande pelo Divino Espírito Santo, e tenho um amor muito grande por Luziânia. Não podemos deixar essa tradição morrer, essa festa é a cara da nossa cidade", conclui o empresário.

A folia de rua é o grande momento de toda a festa. Todos os anos a população se reúne no centro comunitário da cidade para um grande almoço gratuito. Logo em seguida os devotos e foliões saem em procissão fazendo o giro com a bandeira do Divino Espírito Santo de casa em casa.  No final da tarde, em frente à igreja matriz, tem o encontro das bandeiras simbolizando a união das famílias e a tradicional queima de fogos.

A folia de rua acontece na segunda sexta-feira do período de realização dos festejos. O giro pela cidade é tão tradicional e importante que através de um decreto o Prefeito determina feriado municipal neste dia para que a população acompanhe a folia pela cidade.

Através de um sorteio são escolhidos os cargos para Imperador, Imperatriz, Capitão do Mastro, Mordomo da Fogueira e Procuradores da Sorte. Os festeiros sorteados para os devidos cargos são responsáveis por ficar à frente de toda a preparação da festa e do encerramento com o giro da folia. Na última missa solene de encerramento da festa, no domingo, tem um novo sorteio para ver quem vão ser os festeiros do próximo ano.

Músicas Tradicionais
Confira algumas das músicas cantadas durante a Festa do Divino Espírito Santo de Luziânia

1- A Bandeira do Divino

Os devotos do Divino
Vão abrir sua morada
Pra bandeira do menino
Ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai
Os devotos do Divino
Vão abrir sua morada
Pra bandeira do menino
Ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai

Deus nos salve esse devoto
Pela esmola em vosso nome
Dando água a quem tem sede,
Dando pão a quem tem fome, ai, ai
Deus nos salve esse devoto
Pela esmola em vosso nome
Dando água a quem tem sede,
Dando pão a quem tem fome, ai, ai

A bandeira acredita
Que a semente seja tanta
Que essa mesa seja farta,
Que essa casa seja santa, ai, ai
A bandeira acredita
Que a semente seja tanta
Que essa mesa seja farta,
Que essa casa seja santa, ai, ai

Que o perdão seja sagrado
Que a fé seja infinita
Que o homem seja livre,
Que a justiça sobreviva, ai, ai
Que o perdão seja sagrado
Que a fé seja infinita
Que o homem seja livre,
Que a justiça sobreviva, ai, ai

Assim como os três reis magos
Que seguiram a estrela guia
A bandeira segue em frente
Atrás de melhores dias, ai, ai
Assim como os três reis magos
Que seguiram a estrela guia
A bandeira segue em frente
Atrás de melhores dias, ai, ai

No estandarte vai escrito
Que ele voltará de novo
Que o rei será bendito
Ele nascerá do povo, ai, ai
No estandarte vai escrito
Que ele voltará de novo
Que o rei será bendito
Ele nascerá do povo, ai, ai


2- Vem Espírito Santo, vem

Vem Espírito Santo, vem
Vem Espírito Santo, vem
Vem iluminar!

Nossos caminhos, vem iluminar
Nossas idéias, vem iluminar
Nossas angústias, vem iluminar

Vem Espírito Santo, vem
Vem Espírito Santo, vem
Vem iluminar!

Toda Igreja, vem iluminar
A nossa vida, vem iluminar
Nossas famílias, vem iluminar
Toda a Terra, vem iluminar

Vem Espírito Santo, vem
Vem Espírito Santo, vem
Vem iluminar!

Os servidores, vem iluminar
Nossos padres, vem iluminar
Comunidades, vem iluminar
Todo o povo, vem iluminar, vem iluminar

Vem Espírito Santo, vem
Vem Espírito Santo, vem
Vem iluminar!

Nossos pastores, vem iluminar
O nosso bispo, vem iluminar
Seu rebanho, vem iluminar

Vem Espírito Santo, vem
Vem Espírito Santo, vem
Vem iluminar!


3- Vem, Vem, Vem, Espírito Santo

Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer
Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer

Quero abandonar-me em seu amor
Encharcar-me em seus rios, Senhor
Derrubar as barreiras do meu coração

Quero abandonar-me em seu amor
Encharcar-me em seus rios, Senhor
Derrubar as barreiras do meu coração

Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer
Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer

Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer
Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer

Quero abandonar-me em seu amor
Encharcar-me em seus rios, Senhor
Derrubar as barreiras do meu coração

Quero abandonar-me em seu amor
Encharcar-me em seus rios, Senhor
Derrubar as barreiras do meu coração

Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer
Vem, vem, vem, Espírito Santo
Transforma a minha vida, quero renascer  

4- A Nós Descei Divina Luz

A nós descei, Divina Luz!
A nós descei, Divina Luz!
Em nossas almas acendei
O amor, o amor de Jesus!
Em nossas almas acendei
O amor, o amor de Jesus!

Vinde, Santo Espírito, e do céu mandai
Luminoso raio, luminoso raio!
Vinde, Pai dos pobres, doador dos dons
Luz dos corações, luz dos corações!
Grande defensor, em nós habitai
E nos confortai, e nos confortai!
Na fadiga, pouso; no ardor, brandura
E na dor, ternura, e na dor, ternura!

Ó Luz venturosa, divinais clarões
Encham os corações, encham os corações!
Sem um tal poder, em qualquer vivente
Nada há de inocente, nada há de inocente!
Lavai o impuro e regai o seco
Sarai o enfermo, sarai o enfermo!
Dobrai a dureza, aquecei o frio
Livrai do desvio, livrai do desvio!

Aos fiéis que oram, com vibrantes sons
Dai os sete dons, dai os sete dons!
Dai virtude e prêmio, e no fim dos dias
Eterna alegria, eterna alegria!
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia!
Aleluia, aleluia, aleluia, aleluia!









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