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Situação da Fundação Palmares escancara racismo institucional na gestão Bolsonaro

Em visita técnica, integrantes dos GTs de Cultura e Igualdade Racial constatam total abandono da entidade

A principal instituição para a promoção e preservação da cultura negra no país está em condições alarmantes. Essa foi a conclusão dos integrantes dos GTs de Cultura e Igualdade Racial após visita técnica e reunião institucional realizada na sede da Fundação Cultural Palmares na semana passada.

Fotos: Pedro Oliveira 

Os integrantes encontraram o acervo armazenado em locais não apropriados, dispostos ao longo dos andares, sem nenhum tipo de tratamento ou proteção. Além disso, constataram condições insalubres das instalações do prédio que a entidade ocupa desde o início de 2021. Há questões sanitárias, com infiltrações e banheiros e copas sem revestimento; de acessibilidade, já que o elevador não funciona; e de infraestrutura, com lacunas de instalação elétrica, internet, ventilação e mobiliário.

Os cortes drásticos no repasse de recursos nos últimos seis anos colocam a Palmares com um dos menores orçamentos em toda a estrutura governamental. O montante para ações finalísticas da entidade, que chegam efetivamente à ponta, foi de aproximadamente R$ 2,5 milhões em 2022, englobando atividades realizadas pela unidade sede e pelas cinco unidades regionais. Na PLOA de 2023, o orçamento previsto nessa rubrica é de apenas R$ 1,4 milhão. Os valores correspondem a um terço do que a instituição executa em emendas parlamentares impositivas. O quadro, segundo a coordenação, é de inviabilidade administrativa.


A situação do corpo de servidores também assusta. A Fundação possui hoje apenas 61 servidores em todo o Brasil, sendo apenas 23 deles efetivos e seis com tempo de aposentadoria completo. Para efeito de comparação, seu primeiro estatuto, de 1992, estabeleceu o patamar mínimo de 162 servidores efetivos para assegurar o funcionamento básico da instituição. Os contratos de terceirizados foram ainda revistos, implicando na redução dos serviços prestados e no corte significativo dos salários. Na avaliação da comitiva, é um contexto de precarização aguda do trabalho, com consequente adoecimento dos trabalhadores e redução da qualidade dos serviços prestados.

De acordo com o grupo que recebeu a visita, a Palmares só não paralisou suas atividades porque conseguiu reduzir gastos com a transferência da sede ao prédio atual, cedido pela Empresa Brasileira de Comunicação a partir de uma ação do Ministério Público.

Para que a Fundação Palmares não entre em colapso operacional e possa cumprir sua missão no apoio, fomento e preservação da cultura afro brasileira, o grupo indica medidas urgentes, como a realização imediata de concurso público, a revisão da dotação orçamentária e a reforma da sede, para garantir condições estruturais de segurança no trabalho e acondicionamento do acervo.

Além de assessores técnicos que dão suporte aos GTs e de uma das coordenadoras do GT de Igualdade Racial, Givania Maria da Silva, a visita foi acompanhada pelo presidente substituto da entidade, Marco Antônio Evangelista, por Marina Elvas, representante da Casa Civil, pelas coordenações técnicas da Palmares e por uma delegação da Coordenação Nacional das Comunidades Quilombolas – CONAQ.

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