19/03/2024 - Mais de 13 mil artesãos movimentam a economia e preservam a cultura do DF - Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília |
Só no ano passado, os eventos de artesanato promovidos pelo governo geraram uma média de R$ 1,5 milhão em vendas
Por Adriana Izel, da Agência Brasília | Edição: Vinicius Nader
Há 12 anos o brasiliense Vilmar Lima produz mandalas e cocares têxteis para vender. A atividade nasceu como um hobby, mas acabou virando uma forma de complementar a renda da família. "Sempre fui envolvido com dança e cultura e depois foi me despertando esse lado artístico. Peguei gosto, virou um hobby e também uma renda a mais", conta.
Para vender os produtos, o autônomo circula o Distrito Federal participando de feiras de artesanato. Na última semana, Lima expôs o trabalho na sede da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF), na 511 Norte, como parte do projeto de economia solidária da pasta. "Considero essas ações do governo muito importantes, porque abrem espaço para os artesãos do DF poderem engrenar na carreira e terem oportunidades. É uma porta que se abre", avalia.
Vilmar Lima começou a produzir mandalas e cocares como hobby e hoje o artesanato complementa a renda familiar dele | Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília |
Vilmar Lima está entre os mais de 13 mil artesãos do DF registrados no Cadastramento Único dos Artesãos do Brasil (Sicab). O segmento tem crescido nos últimos anos na capital junto às ações de valorização da categoria promovidas pelo Governo do Distrito Federal (GDF).
Hoje, a cidade conta com dois pontos de vendas para os artistas, nos shoppings Pátio Brasil e Alameda Shopping, e há a expectativa de que mais quatro sejam criados para ampliar os locais de comercialização dos produtos. Só no ano passado, a Secretaria de Turismo (Setur-DF) promoveu 87 eventos que geraram uma média de R$ 1,5 milhão em vendas para a categoria, além de ter prestado atendimento a 1.148 profissionais do segmento.
Sandra Madeira: "Nós incentivamos os artesãos a darem continuidade no trabalho deles por meio de linha de microcrédito e o cadastro MEI" |
O artesanato é tão importante para o governo que diferentes pastas estão envolvidas na pauta. Um exemplo disso é a Sedet, que atua em dois segmentos. O primeiro é por meio da economia solidária, movimento que dá oportunidade aos trabalhadores de expor produtos nas agências do trabalhador, na sede da secretaria e em eventos parceiros, como o GDF Mais Perto do Cidadão. Para isso, basta o profissional se inscrever no projeto na sede da pasta. Ainda este ano será feito um chamamento público para a seleção de profissionais.
Linhas de microcrédito e auxílio na formalização por meio do Microempreendedor Individual (MEI) são outras ações da pasta. "Nós também incentivamos os artesãos a darem continuidade no trabalho deles por meio de linha de microcrédito e o cadastro MEI. Porque queremos incentivar a cadeia produtiva como um todo fazendo com que eles possam ganhar dinheiro e expor os produtos deles pelo DF", define a diretora da Cadeia Produtiva e Economia Solidária da Sedet, Sandra Madeira.
Pela perspectiva cultural, os artesãos são incentivados com o fomento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) no edital Multicultural – Cultura de Todo o Tipo. Foram investidos cerca de R$ 740 mil em iniciativas de cursos e oficinas de artesanato em regiões como Plano Piloto, Planaltina, Gama e Jardim Botânico.
Reconhecimento
Logo ao entrar na feira, o que mais chama atenção são os ipês. De todas as cores e tamanhos, o símbolo do Cerrado estava bem representado em forma de arte realizado cuidadosamente pelas mãos da artesã Daniela Pires Ferreira, de 30 anos. Ela e o esposo trabalham com artesanato há aproximadamente 15 anos. Para eles, é um orgulho poder representar o bioma onde vivem.
Daniela Pires Ferreira, 30 anos, trabalha como artesã há cerca de 15 anos |
"Nosso objetivo é enaltecer o Cerrado e passar a mensagem de preservação. Resolvemos abrir mão de tudo o que fazíamos antes para a mostrarmos a nossa arte. Nós somos muito gratos por ter essa oportunidade de estar aqui. Agradecemos ao GDF por toda a força que nos concede durante essa trajetória", afirmou Daniela.
Para a artesã Maria de Jesus Cavalcante, 62 anos, o evento organizado pelo GDF reforça o compromisso em valorizar o trabalho manual do artesanato. "Não é todo mundo que valoriza o que a gente faz. A gente se dedica e é importante que todos vejam o resultado do nosso esforço. Eu me sinto muito representada quando a gente chega aqui e vê que está tudo montado, só aguardando os nossos produtos serem expostos. Eu só tenho a agradecer por todo apoio do governo aos artesãos do DF", elogiou Maria de Jesus.
Em 2019 a Setur-DF chegou a ter 7,4 mil artesãos cadastrados, aumentando esse número para 12,6 mil em 2022 e em 2023, subiu para 13,4 mil. A atividade artesanal, além de trazer melhorias nas condições de vida dos artesãos, contribui para o desenvolvimento econômico local de cada região. O artesanato está ligado à riqueza cultural bem como a uma forte vinculação com o setor turístico.
Governador Ibaneis Rocha celebra trabalho dos artesãos do DF em feira especial
O Governo do Distrito Federal (GDF) organizou um evento turístico especial para homenagear os mais de 13 mil artesãos da região, em celebração ao Dia do Artesão, comemorado nesta terça-feira (19). Durante a abertura da feira, realizada na área externa do Eixo Cultural Íbero-Americano, o governador Ibaneis Rocha enalteceu o trabalho desenvolvido por esses profissionais.
Em abertura de feira, governador Ibaneis Rocha enaltece trabalho dos artesãos do DF |
Segundo Ibaneis, os artesãos, que antes estavam "no ostracismo", agora têm seu ofício valorizado pelo governo, que vem ampliando os locais de venda para a exposição de seus produtos. Ele destacou a importância terapêutica e financeira dessa atividade, realizada "com todo amor e carinho".
O secretário de Turismo, Cristiano Araújo, mencionou outras iniciativas em andamento, como a qualificação dos artesãos para precificar adequadamente seus produtos e a busca por mais espaços de comercialização, aproximando-os dos consumidores finais.
A programação, que prossegue nos dias 22, 23 e 24 de março, conta com uma feira expositiva, atrações culturais, shows de artistas locais, apresentações teatrais e um espaço kids. O evento visa incentivar o turismo e movimentar a economia local, além de homenagear e contribuir para o desenvolvimento econômico e cultural dos artesãos do Distrito Federal.
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