A transformação nas relações de trabalho veio
à baila com a apresentação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
apresentada pela deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que objetiva reduzir a jornada de trabalho legal no Brasil de 44 para 36
horas de trabalho semanal. O assunto tem dividido opiniões entre a classe
empresarial, que tende a resistir e a classe de trabalhadores, que desejam mais
qualidade de vida no trabalho.
Por outro lado, gestores especializados em
relações trabalhistas preveem uma transição turbulenta e muita instabilidade no
mercado de trabalho, seguida por uma onda de demissões em massa. “Com a
aprovação da PEC, a tendência é que ocorra uma significativa queda no poder de
compra seguida de demissões em massa. Para manter a estabilidade financeira,
certamente, os empregadores irão promover, num primeiro momento, demissões expressivas
para contratar mão de obra mais barata”, avalia Ângela Zagonel,
Gerente Labor do grupo Gennesys Consultoria.
De acordo com a gestora, os objetivos a PEC
são maravilhosos, um mundo perfeito, porém visualiza uma
realidade de impactos negativos. “Eu acredito que no início o impacto será
negativo. O preocupante é que as pessoas estão pensando somente no benefício e
não estão levando em consideração o impacto negativo se houver redução de
salários, por exemplo. E, neste caso o objetivo a PEC, que é o bem
estar do trabalhador, não será atendido”, completa a gerente.
Sobre as determinações sobre a inconstitucionalidade
ou não das demissões, Ângela ressalta que é preciso aguardar o texto final para
tomar conhecimento das regras e dos prazos, mas acredita na possibilidade de
uma limitação expressa na emenda quanto ao percentual de demissão que poderá
ser aplicado pelas empresas. “Provavelmente, o texto traga limitações
percentuais e de tempo para aplicar demissões. De qualquer forma é preciso
esperar para trabalhar estratégias”, finaliza a gestora.
Contudo, para que a transição para jornadas
mais equilibradas seja efetiva, será necessário um esforço conjunto entre
empresas, trabalhadores e governos, sustenta a gestora. “A revisão das
legislações trabalhistas e o fomento a lideranças orientadas para o bem-estar
coletivo são imprescindíveis para garantir que esta nova era do trabalho não só
melhore a qualidade de vida, mas também garanta o sucesso das organizações em
um cenário competitivo onde as pessoas são o maior ativo”, finaliza Ângela Zagonel.