Em um dia repleto de aprendizado, participantes receberam orientações para gestão aprimorada e acreditação de suas instituições de saúde
O Sindicato das Clínicas Radiológicas, Ultrassonografia, Ressonância Magnética, Medicina Nuclear e Radioterapia do Estado de Goiás (Sindimagem) realizou o I Simpósio de Clínicas de Imagem do Estado de Goiás, com apoio do Conselho Brasileiro de Radiologia (CBR), no dia 7 de novembro, no auditório do Sicoob UniCentro Br, em Goiânia.
O presidente do Sindicato, Marcelo Lauar, comentou que a programação do evento foi criada para abordar os diversos fatores que geram o cenário complexo em que vivem as instituições radiológicas.
As indicações de ações coletivas abriram o dia de palestras. O assessor jurídico do Sindimagem, Cristovam Espírito Santo, mostrou como o microgerenciamento da atividade empresarial no Brasil e as consequências da pandemia de covid-19 levam aos diversos desafios financeiros que impactam nos planos de saúde e, em seguida, nas clínicas de imagem.
“O setor de diagnóstico por imagem não pode arcar sozinho com os preços de tudo. Então, nosso papel como profissional do Direito das clínicas é demandar soluções”, afirmou.
Ele esclareceu como tais ações devem ser realizadas com cuidado e estratégias para evitar possíveis retaliações. Em alguns casos, por exemplo, é necessário abrir uma demanda nacional, a fim de evitar contratempos regionais.
Por questões assim, o sindicato atua como uma proteção. “Não tem como uma clínica enfrentar o Estado de peito aberto sem medo de retaliações. O Sindicato funciona como um ‘escudo’, pois a ação fica blindada de forma coletiva, mascarando o ‘rosto’ de cada clínica”, esclareceu o advogado.
O presidente do Sindimagem acrescentou que, nos últimos anos, os sindicatos da área fortaleceram sua tarefa de mediação. “Temos também o viés de fazer política, de conversar. Hoje, não trabalhamos mais sem o departamento jurídico”, afirmou Marcelo Lauar, ressaltando que o Sindimagem oferece ainda uma gama de serviços aos filiados.
Mercado e finanças das clínicas radiológicas
O Simpósio teve continuidade com o assessor econômico do CBR, Carlos Moura, que apresentou como os fatores que levam aos pagamentos por exames se modificaram no decorrer do tempo.
Ele mencionou a consolidação de grandes mercados de prestadores, mas ainda assim com a prevalência de planos fragmentados e falência de operadoras por má gestão.
Em meio a isso, surgem alguns contratempos, como as solicitações dos planos para reduzir os valores pagos. “As operadoras colocam o preço bem abaixo, seja por forma glosa, modelos de remuneração ou simples redução de valor, além de não repor a inflação”, listou, acrescentando que tais medidas afetam tanto as grandes quanto as pequenas clínicas.
Por questões assim, é preciso analisar aprofundadamente tudo o que envolve as finanças da instituição para saber quais solicitações aceitar ou não. “Caso vocês continuem realizando exames por qualquer valor ou aceitando as reduções da operadora sem fazer nenhuma ação, o Sindicato fica inócuo. Precisamos unir forças, mas cada parte também deve aprender a se relacionar com sua operadora”, alertou Carlos, que é sócio da Moura Assessoria, empresa especializada em gestão na área de medicina diagnóstica.
A solução passa, portanto, em tomar melhores decisões de negócios, incluindo formas de inovação, automatização para reduzir a folha de pagamento e negociação. “Negociar não gera descredenciamento. Isso faz parte do negócio”, resumiu ele, que ressaltou ainda que as operadoras não conseguem reduzir valores se não existirem clínicas que aceitem.
Neste cenário desafiador, também surge a necessidade de um planejamento estratégico que utiliza indicadores precisos, como o OKR (Objectives and Key Results). “Na correria da rotina, algumas clínicas não planejam a longo prazo, apenas veem o problema do dia”, declarou Carlos.
Obviamente, não é possível parar os atendimentos para planejar. É necessário traçar as metas, cronogramas e outras ações “com o avião no ar”, como lembrou o especialista. Então, a chave é criar o hábito de planejar rotineiramente, em todos os âmbitos da instituição.
Acreditação em imagem
Nortear caminhos também foi o assunto da palestra de Melissa Peixoto, auditora externa e interna do Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi), desenvolvido pelo CBR.
Ela revelou como protocolos e padronizações contribuem para a criação da cultura de qualidade. É o que faz o Padi, por meio do rastreio dos processos, desde o agendamento dos pacientes até a entrega do laudo. “Não procuramos erros ou formas de punição, mas maneiras de melhorar, corrigir e implementar formas de aprimorar os serviços”, definiu.
As ações são realizadas com base em indicadores, prazos, avaliações da qualidade dos exames, gestão de risco e treinamento dos colaboradores. “As mudanças não ocorrem da noite para o dia, mas precisamos sempre nos lembrar da importância da melhoria contínua, com o foco constante na segurança do paciente”, afirmou.
O presidente do Sindimagem, Marcelo Lauar, complementou a respeito da tranquilidade gerada pela acreditação, por exemplo, na redução de riscos. “A acreditação é como comprar paz. Estamos em um momento em que não é mais ‘se’ a clínica precisa de acreditação, mas ‘quando’ iniciá-la”.
Jornada para a excelência
A excelência passa pela criação do valor que irá diferenciar os serviços oferecidos pelas clínicas, como mostrou Adriano Tachibana, médico radiologista e membro da Comissão de Acreditação em Diagnóstico por Imagem do CBR.
Para essa jornada de melhorias, através da acreditação Padi, a figura do gestor de capacitação trabalha para analisar o que é preciso modificar ou manter, com o objetivo de cumprir os requisitos de qualidade.
Alguns exemplos de ações envolvem o gerenciamento proativo de riscos, incentivo às ideias inovadoras entre as equipes, local de trabalho com segurança psicológica para os colaboradores e acompanhamento de indicadores.
“A jornada é composta por um propósito, que fomenta a cultura. No entanto, é necessário ter uma liderança e gestão. Vejo que as barreiras caem quando pensamos que fazemos algo para melhorar a segurança do paciente ou agregar valor à clínica”, descreveu.
Os impactos da Engenharia Clínica
Em seguimento aos aprendizados sobre acreditação, os participantes conheceram a importância da Engenharia Clínica na qualidade dos serviços radiológicos. O consultor da área e sócio proprietário da Orbis Engenharia Clínica e Hospitalar, Ricardo Maranhão, esclareceu a respeito das normas e planejamentos do ramo.
A engenharia, como detalhou o especialista, atua em todo o ciclo de vida dos equipamentos médicos e hospitalares, não apenas na manutenção. “Os cuidados incluem desde a aquisição, instalação, uso, inventário dos aparelhos até o processo correto de descarte”, listou, mencionando como tais precauções contribuem com a busca pelo aperfeiçoamento nas finanças e nos atendimentos.
Uma experiência prática
Para finalizar o I Simpósio de Clínicas de Imagem do Estado de Goiás, o médico radiologista e tesoureiro do Sindimagem, Renato Daher, contou sua experiência própria com processos de acreditação na Clínica CRD, de Goiânia, da qual é sócio-diretor.
Ele apresentou cada etapa das ações para obter acreditações nacionais e internacionais, buscando novos selos no decorrer dos anos. “Qualidade tem que ter evolução. Não perfeição, mas melhorias constantes”, afirmou.
Renato também trabalha com clínicas menores no interior de Goiás, o que comprova que mesmo estruturas pequenas podem receber acreditação. Um debate sobre o tema, com a participação de Adriano Tachibana, Marcelo Lauar e Paulo Eduardo Marinho, encerrou o evento. “A acreditação não é o futuro, é uma realidade”, finalizou Marcelo Lauar, presidente do Sindimagem.
O I Simpósio das Clínicas de Imagem do Estado de Goiás reuniu cerca de cem praticantes de Goiás e do Distrito Federal e entra para a história do segmento de diagnóstico por imagem na região. O evento teve o apoio das empresas Moura Assessoria de Gestão em Saúde, Soquasa, Maral & Souza, Mais Saúde, Promédico, Orbis Engenharia e Escallo. (Texto: Ana Laura Seibert)