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Na Fieg, geopolítica e inovação marcam debate sobre indústria de defesa

 


A Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) promoveu segunda-feira (24) a abertura do ciclo anual de reuniões do Comitê da Indústria de Defesa e Segurança de Goiás (Comdefesa-GO), com debate sobre os desafios e as oportunidades para a indústria do setor no País. O evento, realizado na Casa da Indústria, em Goiânia, contou com palestra do senador e ex-vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, que abordou a geopolítica internacional e o impacto do atual cenário global sobre o setor.

O presidente da Fieg, André Rocha, destacou a relevância da discussão para o desenvolvimento socioeconômico de Goiás. "A indústria de defesa tem potencial para impulsionar a economia estadual, gerando empregos, atraindo investimentos e promovendo o avanço tecnológico", afirmou.


Anastacios Dagios, presidente do Comdefesa-GO, reforçou a necessidade de ampliar a participação goiana no mercado nacional de defesa, que movimentou R$ 8 bilhões no ano passado. "Estamos aqui para promover negócios para as indústrias goianas. Atualmente, temos uma fatia pequena desse montante, mas Goiás possui os pilares necessários para se posicionar como um polo nacional no segmento", sustentou.

Em sua apresentação, Hamilton Mourão destacou o aumento dos gastos militares globais, que chegaram a um recorde de US$ 2,46 trilhões em 2024, e a crescente militarização de países europeus, como a Alemanha. "Estima-se a abertura de uma corrida armamentista na Europa. Logo, uma janela de oportunidade para a indústria brasileira", apontou o senador.

Ele ressaltou ainda que o Brasil possui um histórico respeitável na indústria de defesa, mas enfrenta o desafio de "fazer a roda girar" e consolidar sua Base Industrial de Defesa (BID). A relevância da inovação para o setor foi enfatizada pelo senador. "Inovação aberta é o futuro. O conhecimento e as expertises não estão dentro de uma só empresa", afirmou.

Para ele, a indústria de defesa brasileira deve buscar financiamento e mirar o mercado no exterior, além de apostar no desenvolvimento de tecnologias de uso dual, com aplicação tanto no setor militar quanto no civil. "A indústria de defesa do Brasil tem conhecimentos e pesquisadores de alto valor e que constituem seus maiores ativos. Protegê-los é fundamental", pontuou.


Mourão também mencionou o protagonismo chinês como parceiro comercial do Brasil e a instabilidade regional na América do Sul, com o regime da Venezuela e a recente eleição de Javier Milei na Argentina. "Questões ideológicas do atual governo atrapalham os negócios. A promoção de negócios dos produtos de defesa deve se basear em pragmatismo responsável", defendeu.

No cenário global, Mourão analisou os desdobramentos da pandemia, os conflitos armados na Ucrânia e na Faixa de Gaza, além do impacto da eleição de Donald Trump nos Estados Unidos.

O vice-presidente da Fieg, Emílio Bittar, avaliou positivamente a realização do evento. "Este encontro fortalece o diálogo e cria condições para avançarmos na construção de um ecossistema para a indústria de defesa. Goiás tem potencial para se tornar referência no setor", afirmou.

A reunião do Comdefesa contou com presença de empresários e profissionais do segmento. Participaram do encontro os presidentes Wilson de Oliveira (Fieg Regional Anápolis), Antônio Santos (Siaeg), Jerry Alexandre (Siago), José Divino Arruda (Sinvest), Eduardo Zuppani (Conat), Sarkis Curi (CIC) e Thais Santos (Fieg+Solidária); o superintendente do Sesi e diretor regional do Senai, Paulo Vargas; o diretor administrativo-financeiro do Sebrae Goiás, João Carlos Gouveia; o ex-governador de Goiás Irapuan Costa Júnior; e os diretores do Comdefesa-GO Álvaro Dantas Maia, Baltazar Santos e Jorge Colpo.



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