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Brasil registra aumento de 35% em casos de assédio sexual no ambiente de trabalho

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Especialista Michelle Heringer destaca que alta nas denúncias indica que as vítimas estão mais conscientes de seus direitos e mais encorajadas a romper o silêncio diante de comportamentos abusivos no ambiente profissional



O número de ações trabalhistas por assédio sexual aumentou 35% em 2024 no Brasil, atingindo 8.612 processos na Justiça do Trabalho, contra 6.367 registrados em 2023, segundo dados do Monitor de Trabalho Decente da Justiça do Trabalho. Embora o crescimento exponha a persistência do problema, especialistas alertam que o dado também reflete uma mudança positiva: as vítimas estão mais dispostas a denunciar.

Segundo a advogada e especialista em assédio no ambiente de trabalho, Michelle Heringer, esse avanço mostra uma virada na forma como o tema é tratado. Para ela, o silêncio das vítimas está finalmente sendo quebrado, o que representa apenas o início de uma transformação necessária nas relações profissionais.

A especialista explica que, por décadas, muitas mulheres foram obrigadas a conviver com comportamentos inaceitáveis no ambiente profissional, como piadas, toques não consentidos ou insinuações de cunho sexual. Ela destaca que, historicamente, quando essas situações eram denunciadas, as vítimas acabavam desacreditadas ou até punidas, mas que hoje, com maior acesso à informação e apoio, há uma consciência crescente sobre os próprios direitos.

Ela ainda ressalta que o crescimento das denúncias não significa necessariamente um aumento nos casos de assédio, mas sim um maior enfrentamento da situação. “As vítimas estão nomeando o que antes era ignorado, enfrentando o agressor e levando os casos à Justiça. É um sinal claro de amadurecimento social.”

Michelle alerta, no entanto, que esse movimento precisa ser acompanhado por uma mudança estrutural dentro das empresas. “É papel das organizações criar canais de denúncia seguros, oferecer suporte às vítimas e promover treinamentos que reforcem uma cultura de respeito. Não basta reagir ao problema, é preciso preveni-lo”, afirma.

Para ela, combater o assédio sexual é uma questão de integridade e responsabilidade social. “Ambientes tóxicos violam direitos, comprometem a saúde mental das equipes e corroem a confiança dentro das instituições. As empresas precisam entender que não há mais espaço para a omissão”, conclui.

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