PSDB e Podemos aprovam fusão em reunião e planejam nova sigla de centro para 2026

A cúpula nacional do PSDB se reuniu nesta terça(29) com deputados federais e senadores para discutir a proposta de aliança com o Podemos

PSDB dá mais um passo em direção à fusão com Podemos - PSDB / Divulgação

Em um movimento estratégico para reconfigurar o cenário político brasileiro, a Executiva Nacional do PSDB aprovou por unanimidade, nesta terça-feira (29 de abril de 2025), a fusão com o Podemos, em reunião liderada pelo presidente do partido, Marconi Perillo. A decisão, tomada às 10h em Brasília, marca o início oficial das discussões para a criação de uma nova sigla de centro, que busca se posicionar como alternativa à polarização entre PT e PL nas eleições de 2026.

O encontro reuniu deputados federais, senadores e líderes tucanos, que autorizaram a ampliação das consultas às instâncias partidárias e definiram a convocação de uma Convenção Nacional para 5 de junho de 2025. A convenção deliberará sobre a fusão e possíveis alterações no estatuto do PSDB para viabilizar a união. Segundo o comunicado oficial do partido, a nova sigla, provisoriamente chamada de “PSDB+Podemos”, terá como objetivo consolidar uma força política no “centro democrático”, distante dos extremos, com foco no desenvolvimento do país.

A fusão une duas bancadas de peso no Congresso: o PSDB, com 13 deputados e 3 senadores, e o Podemos, com 15 deputados e 4 senadores, formando uma das maiores forças parlamentares do país, com 28 deputados e 7 senadores. A nova sigla planeja lançar candidatura própria à Presidência em 2026, com o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, sendo um dos nomes cotados, embora ele também negocie com o PSD para uma possível disputa ao Senado.

Apesar do entusiasmo, a fusão enfrenta desafios regionais. Em estados como Pernambuco, Bahia, Goiás e Mato Grosso do Sul, PSDB e Podemos têm alinhamentos políticos conflitantes. Em Pernambuco, por exemplo, o PSDB rompeu com a governadora Raquel Lyra, aliada do Podemos, o que pode complicar a integração. Para superar esses entraves, as legendas intensificarão reuniões nas próximas semanas, buscando convergências estruturais e programáticas.

Outro ponto em discussão é o nome definitivo do partido. Sugestões como “Juntos 20” e “Moderados” estão em análise, mas a escolha final será baseada em pesquisas com filiados e levantamentos científicos. A deputada Renata Abreu, presidente do Podemos, tem desempenhado um papel central nas negociações, enquanto a presidência inicial da nova sigla deve ser ocupada por um tucano, ainda não definido.

A decisão reflete a necessidade do PSDB de se reinventar após sucessivas perdas eleitorais. Protagonista na política brasileira com a eleição de Fernando Henrique Cardoso e forte presença no Congresso, o partido encolheu nas últimas eleições, elegendo apenas 13 deputados em 2022, sem conquistar senadores ou prefeituras em capitais em 2024. A fusão com o Podemos, de tamanho semelhante, é vista como uma alternativa à absorção por siglas maiores, como PSD ou MDB, com as quais negociações anteriores não prosperaram.

Além da fusão, o PSDB+Podemos planeja, em um segundo momento, formar uma federação com o Solidariedade e, possivelmente, o Republicanos, ampliando sua influência. O processo de fusão será formalizado junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após a Convenção Nacional, com a expectativa de que a nova sigla esteja consolidada até o final de 2025.

A fusão é parte de um movimento mais amplo de reorganização partidária no Brasil, com outras siglas, como PP e União Brasil, também articulando alianças. Para Marconi Perillo, a união representa “um passo decisivo para construir uma alternativa que devolva ao país a capacidade de se desenvolver”. No entanto, o sucesso do projeto dependerá da habilidade dos partidos em resolver conflitos regionais e atrair lideranças e eleitores para um projeto de centro, em um cenário político ainda dominado pela polarização.

*Com informações do PSDB, Metrópoles, Folha de S.Paulo e Congresso em Foco.